segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CRACK: GASOLINA, QUEROSENE E COCA? CUIDADO, VOCÊ PODE MORRER!

Altamente corrosiva, provoca combustão imediata quando unida ao fogo e pode explodir quarteirões. Isso é gasolina. E ai, você teria coragem de ingerir? E querosene, dá pra tomar? Se você considerou absurdas as interrogações, cuidado com o Crack. Estudiosos já confirmam que a droga é composta dessas duas substâncias, além de cal virgem, ácido sulfúrico e borra de cocaína.

O delegado de Polícia Civil, Arquimedes Marques, responsável pela 3ª Delegacia Metropolitana em Aracaju, disse em entrevista ao Cinform Online, que comunga da corrente contrária a que afirma haver apenas pasta base de cocaína e bicarbonato de sódio na composição do crack. Ele assegura que a combustão, que faz acender a pedra, vem realmente de produtos inflamáveis e corrosivos.

Cinform Online - Sabemos que o senhor possui diversos artigos que hoje circulam em vários países, a respeito das manifestações do crack sobre a humanidade. Quando o senhor começou a se interessar pelo assunto?
Arquimedes - Eu me interessei pelo tema há cerca de cinco anos, período que a droga começou a se difundir no Brasil e ganhou espaço em Sergipe, a exemplo de outros estados. Tomei para mim essa causa, de esclarecer ao máximo a sociedade sobre o crack, porque vi inúmeras famílias sofrendo e caindo em um poço profundo. Sensibilizado, escrevi 12 artigos.

CO - Já não é segredo para as sociedades que o crack tem o poder de viciar o usuário na segunda vez e há comprovações que o índice de mortalidade em decorrência da droga é muito alto. Nesse sentido, é verdade que uma parte das quadrilhas que integra o tráfico no eixo Rio-São Paulo, combate o uso da droga. Qual o interesse?
AM - Na verdade, o crack é de todas as drogas já conhecidas até hoje, a mais mortífera. Sim, os traficantes do Rio de Janeiro e São Paulo têm realizado grandes campanhas contra o crack. Mas é bom entender que eles não são bonzinhos, apenas querem manter vivos os usuários de cocaína. A coca é uma droga altamente lucrativa para o comércio de entorpecentes e o crack, além de barato, mata rápido. Há campanhas nas favelas com o slogan “Rasgue um copinho e salve um cracudo”. O crack é fumado em copos nesses estados.

CO - Para que o crack vicie rápido ele tem de possuir uma fórmula estimulante bem mais forte que as outras drogas. O senhor defende a teoria de que a composição do crack inclui elementos de alta combustão?
AM - Eu tenho plena certeza de que o crack é composto não só dos ingredientes já divulgados na mídia. A combustão é sem dúvida provocada por gasolina e querosene. Isso sem citar o ácido sulfúrico. Não há organismo que resista. Por esse motivo, já foi revelado que o tempo de vida de um usuário gira em torno de seis anos, após o segundo contato com a droga. É como se o corpo explodisse, com a química nele lançada.

CO - Em seus artigos o senhor transparece que o crack é uma droga que aproximou classes sociais em torno de um vício muito perigoso. Todos sabem que há inúmeros casos já citados em todo o Brasil de pessoas que abandonaram as casas, venderam bens materiais conquistados ao longo dos anos e alguns chegaram a enlouquecer. O senhor conhece alguma situação mais próxima?
AM - Em Aracaju, não faz muito tempo, um renomado advogado chegou ao ponto de vender tudo que possuía em casa e desfez do escritório, para consumir a droga. Ele recusa o tratamento oferecido pela família e hoje está perambulando pelas ruas. O caso é muito grave e degradante. Não há dúvida que o crack é um elemento destrutivo ao ser humano, já que exige o consumo ininterrupto, deixando quem consome em total desespero. Outro caso que muito me chocou foi o da mãe que vendeu a virgindade da filha para pagar a dívida do crack. Fato ocorrido também em Sergipe. É o crack destruindo o amor.

CO - Em sua posição de policial, muitas vezes a sociedade o vê apenas como o homem que deve reprimir o tráfico, prender traficantes e até se for preciso eliminar essas pessoas. Apesar disso, o senhor demonstrou em seus artigos uma preocupação maior com a cura dos já viciados, do que a repressão do tráfico. Isso é verídico?
AM - Realmente eu me preocupo com a situação dos viciados, porque através deles podemos perceber qual a química os levou ao vício e a possibilidade de morte, para que possamos alertar a outros. Entre 15 usuários que entrevistei, praticamente todos eles disseram que sentem cheiro de gasolina e querosene na fumaça. Em seguida, algo semelhante a pneu queimado. Eu vou além e digo que o crack vicia na primeira pedra e não na segunda.

CO - E quanto a combater o crime e reprimir o tráfico, o que fazer?
AM – A repressão tem de existir. Isso é óbvio, mas a prevenção deve ser encarada como prioridade. É preciso cuidar da educação, para que o tráfico seja reduzido e com isso não seja tão necessária a repressão. Além disso, o tratamento deve ser encarado como prioridade pelo poder público. A criação de clínicas especializadas em Sergipe é bem mais eficaz do que enviar os viciados para outros estados, por não termos aqui como tratá-los. É preciso saber que o crack não está longe de nossas casas. Ele é, sim, uma ameaça constante e presente em nossas vidas.

Fonte: Cinform Online (Suzy Guimarães)

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